Em função da pandemia causada pela covid-19, os anos de 2020 e 2021 foram bastante desafiadores, particularmente para a indústria de máquinas e equipamentos. O cenário sensível demandou resiliência e interlocução por parte dos setores produtivos com as diversas instâncias do governo federal, objetivando demonstrar às autoridades públicas em todas as suas esferas, a relevância que temos para o PIB, para a geração de emprego e arrecadação de impostos. Também reforçamos as peculiaridades da cadeia produtiva, a qualidade da mão de obra empregada, a importância da obtenção de capital de giro e financiamento para a modernização das máquinas compatíveis com a atividade realizada, entre outros fatores.
A realização da 27 º edição da AGRISHOW nos demonstrou, entretanto, a pujança do setor de máquinas e equipamentos como um todo e do agro em particular. Tivemos 520 mil metros quadrados de exposição a céu aberto, com mais de 800 marcas presentes no evento, entre nacionais e internacionais, tendo recebido mais de 150 mil visitantes altamente qualificados, do Brasil e do exterior, oriundos de mais de 70 países.
Pudemos assistir o que de mais moderno existe no mundo em tecnologia de máquinas agrícolas, para atender a necessidade de Agricultura 4.0 digital, a maior revolução do campo , o Brasil é autossuficiente na produção de máquinas agrícolas, mas para que isso ocorra precisamos de um Plano de Safra 2022/2023 compatível, que leve em consideração que 50% das máquinas agrícolas brasileiras em uso no campo tem mais de quinze anos. E esse parque precisa ser modernizado. E esta modernização passa pelo novo plano Safra que está sendo elaborado, gestado dentro do governo. E para isto nós temos que pensar em investimentos com juros compatíveis às necessidades do setor produtivo.
Importante notar que o contínuo aperfeiçoamento das máquinas e implementos agrícolas e o advento da digitalização na agricultura, constituem importante fator de aumento da produtividade das lavouras e da competitividade do agronegócio Brasileiro. Desse modo, nossas sugestões para as linhas de financiamento são baseadas em alguns pontos fundamentais:
Especificamente com relação ao Moderfrota, sugerimos uma ampliação do volume de recursos para R$ 32 bilhões; a manutenção de taxa de juros fixa e a manutenção do prazo de pagamento de até 7 anos e carência de até 14 meses.
Especificamente com relação ao Pronaf Mais Alimentos, sugerimos um volume de recursos de R$ 11 bilhões somente para máquinas agrícolas, com manutenção das atuais condições de financiamento do programa.
Em relação ao Inovagro e Moderagro, estimamos que sejam necessários no mínimo R$ 8.15 bilhões de Reais somente para reequilibrar o montante de recursos que estavam disponíveis.
Com relação ao PCA - Programa para Construção e Ampliação de Armazéns, nossas sugestões pedem um aporte de recursos da ordem de R$ 15 bilhões, de forma a evitar a ampliação do déficit de armazenagem no Brasil. A positiva indicação de um novo recorde de safra no país, demonstra que o Brasil consegue responder a contento à demanda mundial crescente por alimentos. Mas, por outro lado, pressiona ainda mais o déficit de armazenagem de grãos no país, que está próximo aos 100 milhões de toneladas e beirando o caos logístico, o que só piora se levarmos em consideração que muitas estruturas são antigas e obsoletas, carecendo de reforma ou substituição.
Sabemos ainda que atualmente, menos de 15% da área total cultivada no Brasil utiliza a tecnologia da irrigação, no entanto, representa mais de 40% dos alimentos produzidos. Assim, sugerimos que o Proirriga - Programa de Financiamento à Agricultura Irrigada e ao Cultivo Protegido tenha uma ampliação do volume de recursos para R$ 5 bilhões;
Só para se ter uma ideia, a China irriga 70 milhões de hectares, os Estados Unidos 17, e no Brasil 7. Por isso que necessitamos de investimento. Para continuar produzindo, alimentando o povo brasileiro, e gerando divisas para o País.
Necessitamos ainda de uma redução significativa do Custo Brasil para o Brasil crescer, prioridade ao crédito a juros de mercado , compatíveis com a atividade produtiva, simplificação do sistema tributário com a eliminação dos impostos não recuperáveis embutidos no produto e desoneração do investimento, revisão da estrutura das tarifas alfandegárias que restabeleça a escalada tributária nas cadeias produtivas dando à indústria brasileira condições mínimas de competir com os produtos importados.
Para crescer devemos investir, não há outro caminho. Precisamos voltar a acreditar no Brasil, o nosso potencial é fabuloso, vivemos em um país rico e abundante. Precisamos voltar a administrar a abundancia e não a escassez. Nesse momento, quero demonstrar meu otimismo e a fé de que neste ano do bicentenário da independência, nos renovamos a esperança que os governos, atuais e futuros, voltem a reconhecer a importância que a indústria tem, para o desenvolvimento do Brasil.
João Carlos Marchesan é administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ