Dois anos de pandemia, com importantes reflexos negativos na economia Brasileira, não impediram a participação na FEIMEC de mais de 500 fabricantes de máquinas e equipamentos, com mais de 900 grandes marcas. Estes números, bem acima dos da última edição, com os estandes ocupando praticamente todos os 62 mil metros quadrados da área disponível, como também a grandiosidade da AGRISHOW mostraram que o setor não somente sobreviveu às crises sanitária e
econômica como conseguiu crescer, no ano passado, cerca de 20%, ou seja, mais de cinco vezes o crescimento do PIB Brasileiro. Nossas projeções indicam uma grande expansão do setor, e os resultados da feira confirmam nosso otimismo. Ou seja, os fabricantes de máquinas e equipamentos seguem acreditando no Brasil, tanto é verdade que os investimentos realizados no ano passado, e os projetados para este, estão nos níveis mais elevados dos últimos anos.
Precisamos trabalhar para alterar nossas ineficiências sistêmicas, bem como eliminar do nosso setor custos adicionais da ordem de 30 pontos percentuais, em relação a nossos principais concorrentes externos. Não podemos conviver com juros de mercado muito elevados, matérias-primas e insumos com preços no Brasil, muito acima dos preços no mercado internacional, impostos não recuperáveis embutidos em nossos produtos e uma logística ineficiente, aumentam sensivelmente o custo de nossos produtos.
Na prática, ainda há muito a ser feito para melhorar a competitividade dos bens e serviços nacionais. A redução da taxa básica de juros e uma taxa de câmbio competitiva são essenciais para a nossa manutenção enquanto setor forte e capaz de gerar empregos de qualidade. É preciso que o BNDES volte a ser uma opção para financiar os investimentos produtivos e resgate o seu papel como banco de desenvolvimento.
Precisamos urgentemente da redução do custo Brasil. Precisamos que a redução das alíquotas de importação de bens de capital e de informática sejam acompanhadas de uma redução das alíquotas das matérias-primas e dos insumos, utilizados pelo setor. As três últimas décadas mostraram claramente que o país não cresce sem a indústria de transformação crescer, e que um novo ciclo de industrialização não irá ocorrer sem o suporte de políticas públicas de desenvolvimento. Temos, portanto que recuperar a capacidade de planejamento do estado, bem como seu papel indutor e coordenador do setor privado. O apoio à educação de qualidade e à formação de recursos humanos qualificados, é essencial tanto quanto o incentivo à ciência, à tecnologia e à inovação.
Este novo ciclo de industrialização deverá ter como objetivo a competitividade da
produção Brasileira de bens e serviços, com foco na economia verde e na digitalização da produção. O sucesso destas políticas pressupõe uma macroeconomia favorável aos investimentos produtivos, um desenvolvimento do Brasil. Quero chamar a atenção para a resiliência dos industriais brasileiros, como comprova
este evento. Com o otimismo que a pujança desta feira nos transmitiu, nós renovamos a esperança que os governos, atual e futuros, voltem a reconhecer a importância que a indústria tem, para o ambiente de negócios que garanta segurança jurídica e um novo modelo tributário baseado em IVA com alíquotas uniformes, incidindo no consumo, além de desonerar a folha e taxar a renda de forma progressiva. Neste ano do bicentenário da independência, nós reafirmamos não somente a esperança, mas a crença de um futuro melhor para o Brasil e para todos os Brasileiros.
João Carlos Marchesan é administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ